sexta-feira, 3 de junho de 2022

Reflexões sobre a itinerância da pesquisa como experiência formativa

 

Hoje, refletindo sobre o que venho fazendo e os métodos que estou utilizando na minha pesquisa, o meu pensamento me levou para a releitura de dois livros do professor Roberto Sidnei Macedo (Pesquisar a experiência: compreender/mediar saberes experienciais e Compreender/mediar a formação: o fundante da educação), pois questionei: o que estou pesquisando/compreendendo senão as experiências vividas por mim e pelas praticantes culturais, escolhidas por mim para ser parceiras nessa aventura pensada?

Como afirma Macedo( 2015, p. 17),  é fundamental para pesquisa da/com a experiência “a formação de uma atitude de pesquisa advinda de um certo analisador epistemológico fundado na pluralidade dos aportes e dos etnométodos com os quais, nos seus encontros, os saberes da pesquisa são criados”.

Estou buscando refletir sobre a complexidade do vivido/das nossas experiências e os saberes que emergem delas, com o propósito de compreendê-los em profundidade, de maneira mais ampliada e relacional com/nos processos criativos.

Gostaria de ressaltar que “a experiência é fonte inesgotável de sentidos e implicação, isto é, conteúdos existenciais, sociais, culturais e eróticos que nos referenciam, orientam, dá potência, nutre e sustentam as nossas escolhas, que nos movem para nossos objetivos e nossos processos criativos”  (MACEDO, 2012;2015).  Em relação ao que me move, que me dá sentido, que me implica na pesquisa, já tratei em parte na página que falo sobre meus dilemase mudanças na itinerância da minha investigação. Meu projeto de pós-doc nada mais é que um projeto de vida e um projeto sociocultural. Em relação ao primeiro, é mexe com minhas questões identitárias, quanto ao segundo é um luta/militância por vida melhores para pessoas pretas. Quero muito poder contribuir para o processo formativo de meus alunos e alunas, professores e professoras em formação.

Conforme o autor citado, a experiência está na base e no movimento das epistemologias experienciais e militantes, com outros modos de criação de saberes. Sobre as epistemologias experienciais, Macedo apresenta, como uma de suas características, o interesse pelos saberes multirreferenciados, valorando a experiência para além do que as tradições científicas e acadêmicas estabeleceram e hierarquizam como válidos, pois o que busca o analisador epistemológico nessa abordagem é “compreender os etnométodos pelos quais todos os atores [autores (inserção minha)] para todos fins práticos, interpretam e organizam suas realidades e acabam construindo suas “ordens sociais”. Em relação às epistemologias militantes, o autor nos diz que “essas tomam os saberes experienciais como base e, dentro deles, propõem e constroem investigações implicadas, engajadas”.

Vejo na etnopesquisa (MACEDO) e na pesquisa-formação na cibercultura (SANTOS), pressupostos epistemológicos, bases teóricas e dispositivos de pesquisa que permitem não só perceber a experiência (da pesquisadora e das praticantes culturais) nos seus movimentos singulares e singularizantes.

 

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