Hoje,
refletindo sobre o que venho fazendo e os métodos que estou utilizando na minha
pesquisa, o meu pensamento me levou para a releitura de dois livros do
professor Roberto Sidnei Macedo (Pesquisar a experiência: compreender/mediar
saberes experienciais e Compreender/mediar a formação: o fundante da educação),
pois questionei: o que estou pesquisando/compreendendo senão as experiências
vividas por mim e pelas praticantes culturais, escolhidas por mim para ser
parceiras nessa aventura pensada?
Como
afirma Macedo( 2015, p. 17), é fundamental
para pesquisa da/com a experiência “a formação de uma atitude de pesquisa
advinda de um certo analisador epistemológico fundado na pluralidade dos aportes
e dos etnométodos com os quais, nos seus encontros, os saberes da pesquisa são
criados”.
Estou
buscando refletir sobre a complexidade do vivido/das nossas experiências e os
saberes que emergem delas, com o propósito de compreendê-los em profundidade,
de maneira mais ampliada e relacional com/nos processos criativos.
Gostaria
de ressaltar que “a experiência é fonte inesgotável de sentidos e implicação,
isto é, conteúdos existenciais, sociais, culturais e eróticos que nos
referenciam, orientam, dá potência, nutre e sustentam as nossas escolhas, que
nos movem para nossos objetivos e nossos processos criativos” (MACEDO, 2012;2015). Em relação ao que me move, que me dá sentido,
que me implica na pesquisa, já tratei em parte na página que falo sobre meus dilemase mudanças na itinerância da minha investigação. Meu projeto de pós-doc nada
mais é que um projeto de vida e um projeto sociocultural. Em relação ao
primeiro, é mexe com minhas questões identitárias, quanto ao segundo é um luta/militância
por vida melhores para pessoas pretas. Quero muito poder contribuir para o
processo formativo de meus alunos e alunas, professores e professoras em
formação.
Conforme
o autor citado, a experiência está na base e no movimento das epistemologias experienciais
e militantes, com outros modos de criação de saberes. Sobre as epistemologias experienciais,
Macedo apresenta, como uma de suas características, o interesse pelos saberes
multirreferenciados, valorando a experiência para além do que as tradições
científicas e acadêmicas estabeleceram e hierarquizam como válidos, pois o que
busca o analisador epistemológico nessa abordagem é “compreender os etnométodos
pelos quais todos os atores [autores
(inserção minha)] para todos fins práticos, interpretam e organizam suas
realidades e acabam construindo suas “ordens sociais”. Em relação às
epistemologias militantes, o autor nos diz que “essas tomam os saberes experienciais
como base e, dentro deles, propõem e constroem investigações implicadas,
engajadas”.
Vejo
na etnopesquisa (MACEDO) e na pesquisa-formação na cibercultura (SANTOS),
pressupostos epistemológicos, bases teóricas e dispositivos de pesquisa que permitem
não só perceber a experiência (da pesquisadora e das praticantes culturais) nos
seus movimentos singulares e singularizantes.
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