Refletindo sobre minha fala para o e-Doc, fiz uma nova leitura no livro O diário de pesquisa: o estudante universitário e seu processo formativo. Cada leitura de um mesmo texto, novas descobertas. Dessa vez, meu olhar voltou-se para a importância da escrita do JP "como instrumento de conhecimento de si por parte do sujeito observador, já que a presença deste interfere nos resultados da investigação. Precisamos avançar nesse procedimento de ver a nós mesmos, enquanto olhamos nossos objetos de interesse e de interrogação" (BARBOSA e HESS, 2010, p. 33). O que os autores nos chamam a atenção é que tão importante quanto nosso conhecimento sobre sobre o mundo exterior é olhar-se para si, é avançar no conhecimento sobre si mesmo, o que está ligado diretamente com o sentido de implicações.
Para os referidos autores, "nossas implicações são nossas "armações internas" que não aparecem como pronto se apresente da forma que se apresenta" (BARBOSA e HESS, 2010, p. 36). Incorpora a essa conversa o conceito de Jaques Ardoino, "[...] a implicação está diretamente ligada à autorização enquanto capacidade de autorizar-se, de fazer-se a si mesmo, ao menos, co-autor do que será produzido socialmente. Se o ato é sempre, mais ou menos, explicitamente, portador de sentido, o autor é fonte e produtor de sentido" (ARDOINO, 1993, P. 122, Apud BARBOSA e HESS, 2010, p. 36).
Assim, nos ensina que o JP não é para esconder nossas imperfeições, nossos medos e dilemas, pelo contrário, é para através dele aprender a expor e lidar com nossas implicações, um reolhar sobre si, sendo o que produzimos uma extensão nossa e vice-versa, uma aprendizagem com sentido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário